sábado, 19 de novembro de 2022

Reels de "Onde guardo teu coração".

Olá povo da Terra, tudo bem com vocês??? 


    Pois então, seguindo minha campanha de divulgação de "Onde guardo teu coração" (https://www.amazon.com.br/dp/B09VD674F8), fiz um vídeo para compartilhamento no Instagram, mas também estou colocando aqui no blog.

    Trata-se de um apanhado de artes do livro, entre elas as quatro capas diferentes que ele teve desde o lançamento em março de 2022 (mas a última capa é a definitiva, prometo) e imagens que estão no livro (algumas não estão mais). Além disso, conto  um pouco da história (com poucas palavras), deixando o aspecto visual falar por si próprio (ao descrever a jornada de Lucilie e Ernestho). 

    Sou totalmente contra o spoiler, logo também opto por não divulgar nada mais nada sobre a história. Mas quem já leu já entendeu claramente o vídeo, e que a curiosidade seja despertada naqueles que ainda não compraram.

   Espero que gostem do vídeo e que gostem ainda mais do livro, pois isso é um combustível a mais para que um escritor continue trilhando o tortuosos caminhos da escrita (caminhos sejam permeados por inúmeros obstáculos). 

  Para quem gosta mais do Instagram e quiser acompanhar meu trabalho, deixo meu endereço de perfil (https://www.instagram.com/ricardo.furlan/).

    E para quem quiser ler algo de qualidade e ainda dar aquela força para um autor iniciante, deixo novamente o link para aquisição do meu e-book (https://www.amazon.com.br/dp/B09VD674F8).


    Abraço a todos e... 

                                COMPREM MEU E-BOOK😉😉📚📕📖📙📗✐

                                  https://www.amazon.com.br/dp/B09VD674F8

 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Capa nº4 - Outubro de 2022

    Inquieto como eu sou, fiz uma nova capa para meu e-book, "Onde guardo teu coração". Digamos que eu ainda sou meu "capenga" no que diz respeito às artes do meu e-book (capa e imagens internas) e acabo nunca ficando contente com o resultado final das minhas investidas no Photoshop. Tanto é que essa é a quarta capa do livro.

    Não que eu não tenha gostado das anteriores, mas acredito que essa capa (não posso prometer, mas essa é provavelmente a definitiva) é a mais profissional e adequada, pois ela agrega muitos elementos da história, como os tons e as cores que compõem a imagem. Nela não há nenhum elemento deslocado, tudo que há nela tem um significado, cada detalhe foi pensado. E você acha que nela também existem easter-eggs (palavras que meu sobrinho adora usar)??? Hahaha, talvez sim, talvez não. E sim (modéstia a parte), eu achei que ela ficou linda.

Capa nº 4 de "Onde guardo teu coração" (Out/2022)

    E por que mudar agora, em outubro? Você acha que há um motivo para a mudança? Sim, claro que há, mas você só saberá mais quando comprar e ler meu livro. 

    E então meu caro e minha cara visitante, você gostou da nova capa? Comente, mesmo que não tenha gostado, o importante é interagir.

Aproveitem, está custando apenas R$ 9,99. 

https://www.amazon.com.br/dp/B09VD674F8

terça-feira, 6 de setembro de 2022

A PRINCESA QUE ENGOLIU UM OGRO

    Olá pessoal, tudo bem? Então, vasculhando um HD externo que eu tenho acabei redescobrindo um texto antigo que eu escrevi, chamado "A princesa que engoliu um ogro". Trata-se de um conto (ou crônica, fica à critério de quem ler) escrito em 05/11/2012 (uau, completando quase dez anos) sobre um encontro de duas pessoas totalmente diferentes (simbolicamente, uma princesa e um ogro), mas que acabam descobrindo coisas interessantes nos "mundos" de cada uma delas. Apesar de ser um texto antigo meu, creio que ainda seja um retrato moderno sobre pessoas e as perspectivas que elas têm em relação a outras pessoas.
    
    Não movi uma virgula em relação ao texto original. Espero que apreciem.




    Eles não combinavam fisicamente. Ela, uma verdadeira beldade, que desfilava sua beleza pelo ambiente; ele, um "ogro", que apenas foi ao bar para tomar uma bebida. Ela andava pra lá e pra cá, parecia que não conhecia ninguém naquele lugar, mas estava sob uma enxurrada de olhares cobiçosos. Assim que ogro colocou os olhos na princesa, algo magnético surgiu naquele ambiente escuro e esfumaçado. Mas encantado com aquela visão dos deuses, ele perdeu totalmente a timidez ao abordar a moça, em uma situação totalmente atípica para ele. Usando o termo mais clichê da história das paqueras, chegou perto dela e disse, sorrindo:
- Oi moça, você vem sempre aqui?
- Ah, bem, acho que só quando você não está presente...
Uma bela "patada" para começar a noite. PQP.
- Que coisa, mas acho que hoje o seu tiro saiu pela culatra, não é?
Ele disse tais palavras tão serenamente e espontaneamente que a bela mulher não se incomodou nem um pouco.
- "Maybe". - respondeu, no intuito de demonstrar certa superioridade intelectual.
- Pois é "baby", mas você não acredita em sinais? O fato de eu estar aqui no mesmo dia que você é um sinal.
- Sinal? Olha cara, não quero mais papo com você, mas antes me explica essa história de sinal.
O rapaz fez uma cara ainda mais feia, mas acabou sorrindo:
- Então "milady", o sinal é nada mais do que o fato de que as pessoas precisam abrir seus horizontes e conhecer pessoas diferentes daquelas do seu círculo social. Nem estou falando de flertes, mas sim de pessoas com características diferentes das dos seus amigos e amigas. Não querendo julgar, mas garanto que convive apenas com pessoas bonitas como você, mas isso não é nada se dentro delas não existir o mínimo de conteúdo.
- Nunca parei para pensar nisso, caro... não sei seu nome. - o olhar da moça era de uma pessoa intrigada. No fundo ela sabia que só andava com gente bonita, e várias deles pareciam ter um coco no lugar do cérebro..
Gentilmente, ele respondeu:
- Só te abordei porque achei você seria mais do que um rostinho bonito em uma noite escura, meu instinto me dizia que você tem mais a oferecer além da beleza. E que seria interessante tirar alguém da bolha social da qual se encontra, e enxerguei isso em você. A tua cara de tédio era escancarada e tudo indica que está sozinha por aqui.
- Ahm? Bolha social? - era um bombardeio de informações e suposições que ela não esperava, mas começava a divertir-se com a situação. Aquela loucura toda estava sendo uma sensação deliciosa para a garota que vivia entre o tédio e o desânimo.
- É, sempre com os mesmos amigos e amigas, que fazem sempre as mesmas coisas, conversam sobre as mesmas coisas. E esse que aqui fala chama-se Otto, muito prazer. Posso agora saber qual a sua graça?
Ela não havia entendido a conversa anterior e nem a última pergunta de Otto.
- Bom, entendi mais ou menos. Mas muito prazer Otto, mas não entendi o que você quis dizer com "graça".
- Ah senhorita, não tem problema. É um termo que usavam no passado para saber o nome de alguém. Meu avô falava bastante assim.
Ela ficou meio envergonhada por não ter entendido algo que era óbvio. "Fiz papel de burra", pensou.
- Desculpa, sou a Beatriz, muito prazer.
- Belo nome, combina com você. E claro que todos acabam te chamando de Bia.
Ela sorriu para ele. Não pela obviedade das palavras, mas pela forma delicada de expressão utilizada por Otto. Era algo que ela não esperava daquele homem de aparência rústica e estranha que estava em sua frente.
- Tem razão, Otto.
- Posso falar algo sobre isso?
Ela ficava cada vez cativada.
- Claro, "why not"?
- Ok. Eu acho que às vezes você fica P da vida quando te chamam de Bia. Você fica chateada com a forma tão óbvia com a qual as pessoas te tratam.
"De onde surgiu esse cara?" - pensou ela. Ela riu.
- Como você sabe disso? É isso mesmo, por que as pessoas sempre escolhem o caminho mais fácil? Eu ODEIO que me chamem de Bia.
- Faz parte do instinto humano usar os atalhos para chegar ao mesmo objetivo. Se eu fosse seu amigo, iria te chamar de Bee.
- Bee... sabe que eu gostei? - ela terminou de beber seu drink.
- Que bom. Mas Bee, posso te pagar um drink agora?
Ele sorria para ela, mas ela estava um pouco amedrontada com a situação, com aquele homem desconhecido em sua frente. Beatriz era uma mulher precavida e não caia na lábia dos galanteadores de plantão. Passou a vida toda fugindo de uma multidão de pretendentes e, após relacionamentos fracassados, criou uma certa blindagem quando a palavra "relacionamento" estava em questão. Ela era alguém que nunca acreditou em um amor que dure apenas uma noite.
- Bom Otto, eu agradeço, mas preciso ir. Vou falar com minhas amigas. Foi um prazer. - mentindo, ela chegou perto de Otto e beijou-o no rosto barbado, saindo logo depois para um canto mais escuro do bar. Assim como Otto, ela estava naquele bar só para tomar um drink (e sozinha, era a primeira vez que ela frequentava o local).

Otto ficou claramente triste com a situação, mas era algo do qual já estava mais do que acostumado. Afinal Otto era alguém que não se enquadrava nos padrões de beleza daquela época, e ele pensava que 99,99% das pessoas "julgavam um livro apenas pela capa", e Beatriz foi mais uma que fez o mesmo julgamento. "Ah, foda-se Beatriz", ele pensou. Mas ele ficou mesmo abatido e pediu uma dupla da bebida, mas uma bem mais forte. Ficou sentado no balcão, com o olhar fixo para um letreiro de neon, com a palavra LUCKY na cor púrpura e sentiu que aquela palavra era uma enorme ironia. Então ele sentiu que alguém cutucava seu ombro esquerdo. Ao virar-se, quase não acreditou naquilo que viu.
- Olha Otto, mudei de ideia. Aceito um drink sim.
Otto estava atônito, mas feliz. OMG.
- Oi Bee, que surpresa. Senta aqui do meu lado. Marcos, vem aqui servir minha amiga Bee, e rápido! E tudo na minha conta, amigo. - gritou para o garçom, que já era seu amigo de longa data.
- Olha Otto, eu tenho que te pedir desculpas, acho que não te tratei tão bem antes, mas você foi muito gentil comigo. Um verdadeiro cavalheiro.
Ele sabia que Beatriz havia mentido sobre encontrar as amigas, mas não guardou rancor algum.
- Beatriz, tudo bem, não se preocupe com isso. Levar um "não" na cara é algo normal para mim, não é normal eu receber um "sim". Mas sei lá, eu nem sei se deveria te falar uma coisa dessas, nem sei se você é uma pessoa comprometida...
Sorridente, o garçom trouxe o drink solicitado pela beldade e anotou o pedido na conta de Otto. Era vermelho e com tomate.
- Tudo bem Otto, não esquente. Não Otto, não estou comprometida com ninguém. Não achei a pessoa certa. - sem revelar sua bissexualidade, Beatriz teve vários romances, com pessoas tão belas quando ela, mas nenhum com mais de um ano de duração. Ironicamente, ela era um desastre em assuntos do coração, mas sentia certa saudade de Annie.
- Bee, preciso ir ao banheiro, ok? Um minutinho só.
Beatriz bebia seu drink enquanto Otto estava no banheiro. Chamou o garçom e perguntou:
- Por acaso você conhece o Otto?
- O Otto? Claro que conheço, é talvez o mais legal dos clientes aqui do bar, mas ele não vem aqui sempre não, se é que me entende.
- Hum, tudo bem, não estava achando que ele é um bêbado não. Mas é uma pessoa interessante, admito.
- Ah moça, concordo, ele é bem diferente, mas diferente da forma boa, entende? Ele parece um cara amedrontador, mas é só uma fachada.
- Como assim, fachada?
- Bom moça, é melhor a senhora descobrir sozinha, vai se surpreender. Ele tá vindo aí, aproveitem bem a noite. - piscou para a moça, receptiva.

Otto voltou ao balcão. Ele exalava um perfume suave, resultante do sabonete líquido do banheiro. Alfazema.
- Ah, onde parei? Lembrei. Nem dá pra entender como uma pessoa bonita como você não é casada ou tem algum relacionamento. Vou ser sincero com você, se me permite: pretendentes não faltam.
- Não mesmo, mas posso te falar uma coisa? Isso incomoda sabe, eu sei que sou bonita e tal, não sou hipócrita pra negar isso. Mas o que ninguém sabe é que eu sou uma moça de origem humilde, estudei a vida toda em escola pública e cursei direito em universidade pública também. Tenho um ótimo emprego, coisas que consegui com o suor de muitas horas extras no trabalho, mas mesmo assim as pessoas falam que minhas conquistas são fruto do meu rostinho lindo. As pessoas nem sempre me veem como uma pessoa, mas sim como um belo objeto. - ela virou o rosto para longe de Otto, mas ele percebeu que ela estava chorando.
- Calma Bee, não fica assim. Eu sei que as pessoas são cruéis com as outras, conhecem pouco a vida de alguém e ainda assim a julgam, às vezes por querer, outras querendo. A "vibe" não tá muito boa, então vamos mudar um pouco de assunto, vou fazer uma pequena brincadeira, nada de falar de você. Pois bem quem você acha que eu sou realmente, pode ser?
Secando as lágrimas, ela acenou positivamente com a cabeça. Ela precisava recompor-se e topou o desafio.
- Bom Otto, não sei dizer ao certo, deixa eu pensar um pouco. - tomou um gole de seu drink vermelho e fitou Otto novamente. - Pela sua forma de se vestir, talvez seja um motoqueiro, alguém que trabalhe com rock, sei lá, pode ser até um feirante. Mas algo me diz que tem uma profissão diferente e está aqui pra perder um pouco do tédio que sente. Mas você estudou, isso eu tenho certeza.
Ele sorriu, achou engraçada a maneira como Beatriz usou as palavras.
- Bee, acho que esse meu visual despojado de arruaceiro dá a entender que eu poderia ter qualquer uma das profissões que você disse aí, são toda a dignas de respeito, mas sou filósofo e economista, agora acho que vai entender o porquê da minha verborragia. Tenho um ótimo emprego também, vindo de uma família pobre, mas trabalhadora, e da qual eu amo. Meus sobrinhos são o amor da minha vida e dar uma casa pra minha mãe foi uma das coisas mais incríveis dos meus 33 anos de vida. Mas eu também estou entediado, acertou em cheio, e eu amo conhecer pessoas.
Ele bebeu seu drink, olhando para os olhos arregalados de Beatriz. Seus lindos olhos castanhos o fitavam com a curiosidade ainda maior, enquanto dava um sorriso de cinema.
Então Otto disse algo inesperado:
- Boa noite moça, tudo bem? Eu me chamo Otto Martins de Oliveira Coelho, sou economista e filósofo, e orgulhosamente filho da dona Helena e do seu Ignácio, e tio babão da Olívia e do Oscar. Posso apertar a sua mão agora?
Corada, ela ofereceu sua mão a Otto. Para sua surpresa, a mão do homenzarrão era muito macia. Ambos adoraram o calor daquele gesto.
- Boa noite moço, eu sou a Beatriz, advogada e filha orgulhosa da dona Estela E agora eu quero te fazer umas perguntas.
- Como negar um pedido tão gentil? Eu deveria ser preso de dissesse não.
- Aí... tudo bem. Olha, o moço está disponível no domingo?
- Mas é claro que estou. Mas mesmo que não estivesse, daria um jeito de estar.
- Ótimo, caro Otto. Você conhece aquela cafeteria chamada Rosa Púrpura do Cairo?
- Sim Bee, a abelhinha, é a melhor da cidade.
- Então caro Otto Martins de Oliveira Coelho, o que você acha de tomar um café comigo no domingo à tarde, na cafeteria da dona Estela?

Da série "Textos Perdidos de Ricardo Furlan" (05-11-2012).